Como crianças…

– Mãe, a senhora está chorando?

A mãe limpa o início de lágrima que há no conto de seus olhos e responde que está tudo bem e que é apenas um cisco. Mas, na verdade, está profundamente triste pelas palavras insensíveis que ouviu do marido. Porém, acreditando que está protegendo e fazendo bem ao filho, nega seu sentimento. Então, o filho começa inconscientemente a desconfiar de sua sensibilidade e pensar que ela é enganosa, pois acredita na mãe.

Com o passar do tempo, situações como essas vão nos ensinando que devemos ser mais racionais e assim vamos perdendo a naturalidade de prestar atenção ao que sentimos quanto ao ambiente e a nós mesmos. Nossos sentimentos vão ficando relegados a um segundo plano e só os acessamos em momentos de forte emoção.

Quando somos gerados no útero de nossas mães, o primeiro órgão que se forma é o coração e, nessa fase embrionária, apenas o que temos são os sentimentos. Sentimos tudo que acontece ao nosso redor. Só depois que o cérebro é formado e somente por volta dos três ou quatro anos de idade é que ele começa a amadurecer. Estudo dizem que apenas aos vinte e cinco anos de idade é que o cérebro está totalmente formado.

Consequência de tudo isso é que nos tornamos cada vez menos sensíveis a dor e ao sofrimento humano. Pessoas doentes, moradores de rua, tragédias pessoais, desastres naturais e outras situações que deveriam nos fazer chorar, sentir compaixão e tentar ajudar, já não têm tanto impacto sobre nós.

Não foi sem motivo que Jesus disse que para entrarmos no reino dos céus precisamos mais do que de apenas nos convertermos, é necessário nos torarmos como crianças (Mateus 18:3).

Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.

Por quê? Porque apenas sendo como crianças é que conseguiremos amar não apenas a Deus, mas, também, ao próximo como a nós mesmos. E se de fato sentirmos amor ao próximo exerceremos compaixão, misericórdia, prestaremos assistência, seremos solícitos em fazer o bem.

Um dos problemas de não acessarmos os nossos sentimentos, é que agiremos apenas por questões racionais, então, em muitos momentos encontraremos justificativas para não ter atitudes que revelam amor. O apóstolo Paulo foi ainda além ao dizer que sem amor, nada que fizermos se aproveita.

Por mais que você seja intelectualizado, tenha cursos, especializações e conhecimento, não deixe que tudo isso te desconecte de seus sentimentos. Temos não apenas cérebro, mas também coração. Busque esse equilíbrio em sua vida, ele te proporcionará relacionamentos mais saudáveis e duradouros.

Sobre o Autor

H. S. Lima

H. S. Lima é escritor, advogado e palestrante. Tem como propósito de vida compreender os princípios eternos contidos principalmente nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá, identificar a compatibilidade com a mensagem de Jesus Cristo, para então ensinar como observá-los na vida pessoal e profissional.

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