Provérbios para a Vida: para começar, tema a Deus

Para ser sábio, é preciso primeiro temer a Deus, o Senhor.

(Pv. 1:7, primeira parte NTLH)

Quando o livro de Provérbios logo em seu início afirma que o temor a Deus é o primeiro requisito para a sabedoria, está trazendo à tona o tema da eternidade e, junto com ela, da necessidade de estarmos sempre conscientes de nossa finitude e de que, a cada momento, estamos mais próximo de sermos colocados perante o Criador dos céus e da terra para prestar contas de nossas atitudes.

Não é sem motivo que o rei Salomão, no livro de Eclesiastes diz que “é melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde há festa, pois onde há luto lembramos que um dia também vamos morrer.” (Ec 7:2, NTLH).

Quanto mais jovem houver a consciência de que esta vida é breve e passageira e de que a morte pode chegar no próximo instante, melhor, pois é necessário estar gravado em nossos corações um temor à Deus capaz de nos dissuadir de cometer aquilo que O desagrada.

No livro “A ética do sinai”, o autor Irving M. Bunim, faz um profundo estudo acerca das proposições éticas contidas no Talmud e, logo no começo, adverte: “O ‘amor’ pode motivar ações positivas de serviços, mas só o ‘temor’ pode refrear o ser humano de violar proibições” (pag. 28).

Essa é a razão pela qual todos os livros conhecidos como “de sabedoria” e que fazem parte da bíblia (Salmos, Provérbios e Eclesiastes) reforçam para que todo conhecimento seja precedido de um consistente temor do Senhor,

Isso leva a uma reflexão: o que é reprovável aos olhos do Criador? De modo geral, tudo aquilo que contraria Suas Leis, Seus Mandamentos, isto é, tudo que confronta sua Palavra, que, cremos, é a Bíblia Cristã.

Contudo, isso pode ser muito complexo para a grande maioria das pessoas, então, para tentar facilitar, quem sabe seja possível resumir no sentido de que tudo quanto ofende os dois Princípios de Cristo de “amar a Deus acima de tudo e o próximo como a si mesmo” (Mateus 22:37-40), ou seja, toda atitude que represente falta de amor a Deus e ao próximo é reprovável e o temor a Deus deve conduzir ao afastamento disso.

Mas, para outras pessoas pode parecer muito vago simplesmente evitar ações que impliquem em falta de amor a Deus e ao próximo. Então, útil também seria evitar transgredir as “Sete Leis Universais”, apontadas pelos sábios judeus como obrigações a serem observadas por todos os seres humanos: 1. Crer em Deus (Único); 2. Respeitar o Criador; 3. Respeitar a vida humana; 4. Respeitar a família; 5. Respeitar os direitos e a propriedade dos outros; 6. Respeitar as criaturas (animais) de Deus; 7. Respeitar a lei (a justiça).

Portanto, o temor à Deus, que leva à verdadeira sabedoria, deve impelir a esforçar-se em evitar transgredir qualquer um dos preceitos divinos descritos nas Escrituras, ou, para facilitar, pelo menos os Dois Princípios de Cristo ou das Sete Leis Universais e todos os seus desdobramentos, que podem ser compreendidos e aprofundados por meio de dedicação de tempo à leitura das Escrituras eternas.

Maimônides, em sua monumental obra “Guia dos Perplexos” escrita no século XII, discorre acerca de quatro formas de sabedoria. As três primeiras seriam (1) a voltada para a aquisição de bens e recursos materiais; (2) a útil para a perfeição do corpo e para o desenvolvimento de habilidades físicas e (3) a que colabora para uma elevação moral e ajuda no relacionamento com o próximo.

Contudo, todas essas três não possuem valor em si mesmas e de pouco aproveitam ao homem, pois existem de modo circunstancial e em função de algo externo como, respectivamente, a utilidade dos bens, a necessidade da força física e o relacionamento com o próximo. Então, Maimônides continua e afirma que a mais elevada forma de sabedoria é a relacionada às virtudes intelectuais que levam ao conhecimento dos assuntos eternos, pois apenas essa traz benefícios à essência do ser humano e a seu relacionamento com o Criador.

CONTINUA…

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